Foi questionada no blog {20} www.criacionismo.com.br a veracidade histórica do Novo Testamento (NT). Há muitos bons livros no
mercado sobre isso, mas procurei reproduzir aqui, de forma resumida, as
dez razões apresentadas no livro Não tenho Fé Suficiente Para Ser Ateu
(Vida), pelas quais sabemos que os autores do NT disseram a verdade.
1. Os autores do NT incluíram detalhes embaraçosos sobre si mesmos.
A tendência da maioria dos autores é deixar de fora qualquer coisa que
prejudique sua aparência. É o "princípio do embaraço". Agora pense: Se
você e seus amigos estivessem forjando uma história que você quisesse
que fosse vista como verdadeira, vocês se mostrariam como covardes,
tolos e apáticos, pessoas que foram advertidas e que duvidaram? É claro
que não. Mas é exatamente isso que encontramos no NT. Se você fosse
autor do NT, escreveria que um dos seus principais líderes foi chamado
de "Satanás" por Jesus, negou o Senhor três vezes, escondeu-se durante a
crucificação e, mais tarde, foi repreendido numa questão teológica?
O que você acha que os autores do NT teriam feito se estivessem
inventando uma história? Teriam deixado de lado a sua inaptidão, sua
covardia, a repreensão que receberam, as negações e seus problemas
teológicos, mostrando-se como cristãos ousados que se colocaram a favor
de Jesus diante de tudo e que, de maneira confiante, marcharam até a
tumba na manhã de domingo, bem diante dos guardas romanos, para
encontrarem o Jesus ressurreto que os esperava para salvá-los por sua
grande fé! Os homens que escreveram o NT também diriam que eles é que
contaram às mulheres sobre o Jesus ressurreto, que eram as únicas que
estavam escondendo-se por medo dos judeus. E, naturalmente, se a
história fosse uma invenção, nenhum discípulo, em momento algum, teria
sido retratado como alguém que duvida (especialmente depois de Jesus ter
ressuscitado).
2. Os autores do NT incluíram detalhes embaraçosos e palavras difíceis de
Jesus. Os autores do NT também são honestos sobre Jesus. Eles não apenas
registraram detalhes de uma auto-incriminação sobre si mesmos, mas
também registraram detalhes embaraçosos sobre seu líder, Jesus, que
parecem colocá-Lo numa situação bastante ruim. Exemplos: Jesus foi
considerado "fora de Si" por Sua mãe e Seus irmãos, por quem também foi
desacreditado; foi visto como enganador; foi abandonado por Seus
seguidores e quase apedrejado certa ocasião; foi chamado de "beberrão" e
de "endemoniado", além de "louco". Finalmente, foi crucificado como
malfeitor.
Entre as situações teologicamente "embaraçosas", encontramos as
seguintes: Ele amaldiçoa uma figueira (Mat. 21:18); Ele parece incapaz
de realizar milagres em Sua cidade natal, exceto curar algumas pessoas
doentes (Mar. 6:5); e parece indicar que o Pai é maior que Ele (João
14:28). Se os autores do NT queriam provar a todos que Jesus era Deus,
então por que não eliminaram dizeres e situações complicados que parecem
argumentar contra a Sua deidade? Os autores do NT foram extremamente
precisos ao registrar exatamente aquilo que Jesus disse e fez.
3. Os autores do NT incluíram as exigências de Jesus. Se os autores do
NT estavam inventando uma história, certamente não inventaram uma que
tenha tornado a vida mais fácil para eles. Esse Jesus tinha alguns
padrões bastante exigentes. O Sermão do Monte (Mateus 5), por exemplo,
não parece ser uma invenção humana. São mandamentos difíceis de serem
cumpridos pelos seres humanos e parecem ir na direção contrária dos
interesses dos homens que os registraram. E certamente são contrários
aos desejos de muitos hoje que buscam uma religião de espiritualidade
sem exigências morais.
4. Os autores do NT fizeram clara distinção entre as palavras de Jesus e
as deles. Embora não existam aspas ou travessão para indicar uma citação
no grego do século I, os autores do NT distinguiram as palavras de Jesus
de maneira bastante clara. Teria sido muito fácil para esses homens
resolverem as disputas teológicas do primeiro século colocando palavras
na boca de Jesus. E fariam isso também, caso estivessem inventando a
"história do cristianismo". Teria sido muito conveniente para esses
autores terminar todo debate ou controvérsia em torno de questões como
circuncisão, leis cerimoniais judaicas, falar em línguas, mulheres na
igreja e assim por diante, simplesmente inventando citações de Jesus.
Mas eles nunca fizeram isso. Mantiveram-se fiéis ao que Jesus disse e
não disse.
5. Os autores do NT incluíram fatos relacionados à ressurreição de Jesus
que eles não poderiam ter inventado. Eles registraram que Jesus foi
sepultado por José de Arimatéia, um membro do Sinédrio # o conselho do
governo judaico que sentenciou Jesus à morte por blasfêmia. Esse não é
um fato que poderiam ter inventado. Considerando a amargura que certos
cristãos guardavam no coração contra as autoridades judaicas, por que
eles colocariam um membro do Sinédrio de maneira tão positiva? E por que
colocariam Jesus na sepultura de uma autoridade judaica? Se José não
sepultou Jesus, essa história teria sido facilmente exposta como
fraudulenta pelos inimigos judaicos do cristianismo. Mas os judeus nunca
negaram a história e jamais se encontrou uma história alternativa para o
sepultamento de Jesus.
Mateus, Marcos, Lucas e João, dizem que as mulheres foram as primeiras
testemunhas do túmulo vazio e as primeiras a saberem da ressurreição.
Uma dessas mulheres era Maria Madalena, que Lucas admite ter sido uma
mulher possuída por demônios (Luc. 8:2). Isso jamais teria sido inserido
numa história inventada. Uma pessoa possessa por demônios já seria uma
testemunha questionável, mas as mulheres em geral não eram sequer
consideradas testemunhas confiáveis naquela cultura do século I. O fato
é que o testemunho de uma mulher não tinha peso num tribunal. Desse
modo, se você estivesse inventando uma história da ressurreição de Jesus
no século I, evitaria o testemunho de mulheres e faria homens "os
corajosos" serem os primeiros a descobrir o túmulo vazio e o Jesus
ressurreto. Citar o testemunho de mulheres # especialmente de mulheres
possuídas por demônios # seria um golpe fatal à tentativa de fazer uma
mentira ser vista como verdade.
Por que o Jesus ressurreto não apareceu aos fariseus?# é uma pergunta
comum feita pelos céticos. A resposta pode ser porque não teria sido
necessário. Isso é normalmente desprezado, mas muitos sacerdotes de
Jerusalém tornaram-se cristãos. Lucas escreve: "Crescia rapidamente o
número de discípulos em Jerusalém; também um grande número de sacerdotes
obedecia à fé" (Atos 6:7). Se você está tentando fazer que uma mentira
seja vista como verdade, não facilita as coisas para os seus inimigos,
permitindo que exponham a sua história. A conversão dos fariseus e a de
José de Arimatéia eram dois detalhes desnecessários que, se fossem
falsos, teriam acabado com a #farsa# de Lucas.
Em Mateus 28:11-15, é exposta a versão judaica para o fato do túmulo
vazio (a mentira do roubo do corpo de Jesus). Note que Mateus deixa
bastante claro que seus leitores já sabiam sobre essa explicação dos
judeus porque #essa versão se divulgou entre os judeus até o dia de
hoje#. Isso significa que os leitores de Mateus (e certamente os
próprios judeus) saberiam se ele estava ou não dizendo a verdade. Se
Mateus estava inventando a história do túmulo vazio, por que daria a
seus leitores uma maneira tão simples de expor suas mentiras? A única
explicação plausível é que o túmulo deve ter realmente ficado vazio, e
os inimigos judeus do cristianismo devem realmente ter espalhado essa
explicação específica para o túmulo vazio (de fato, Justino Mártir e
Tertuliano, escrevendo respectivamente nos anos 150 d.C. e 200 d.C.,
afirmam que as autoridades judaicas continuaram a propagar essa história
do roubo durante todo o século II).
6. Os autores do NT incluíram em seus textos, pelo menos, 30 pessoas
historicamente confirmadas. Não há maneira de os autores do NT terem
seguido adiante escrevendo mentiras descaradas sobre Pilatos, Caifás,
Festo, Félix e toda a linhagem de Herodes. Alguém os teria acusado por
terem envolvido falsamente essas pessoas em acontecimentos que nunca
ocorreram. Os autores do NT sabiam disso e não teriam incluído tantas
pessoas reais de destaque numa ficção que tinha o objetivo de enganar.
7. Os autores do NT incluíram detalhes divergentes. Os críticos são
rápidos em citar os relatos aparentemente contraditórios dos evangelhos
como evidência de que não são dignos de confiança em informação precisa.
Mateus diz, por exemplo, que havia um anjo no túmulo de Jesus, enquanto
João menciona a presença de dois anjos. Não seria isso uma contradição
que derrubaria a credibilidade desses relatos? Não, mas exatamente o
oposto é verdadeiro: detalhes divergentes, na verdade, fortalecem a
questão de que esses são relatos feitos por testemunhas oculares. Como?
Primeiro, é preciso destacar que o relato dos anjos não é contraditório.
Mateus não diz que havia apenas um anjo na sepultura. Os críticos
precisam acrescentar uma palavra ao relato de Mateus para torná-lo
contraditório ao de João. Mas por que Mateus mencionou apenas um anjo,
se realmente havia dois ali? Pela mesma razão que dois repórteres de
diferentes jornais cobrindo um mesmo fato optam por incluir detalhes
diferentes em suas histórias. Duas testemunhas oculares independentes
raramente vêem todos os mesmos detalhes e descrevem um fato exatamente
com as mesmas palavras. Elas vão registrar o mesmo fato principal (Jesus
ressuscitou dos mortos), mas podem diferir nos detalhes (quantos anjos
havia no túmulo). De fato, quando um juiz ouve duas testemunhas que dão
testemunho idêntico, palavra por palavra, o que corretamente presume?
Conluio. As testemunhas se encontraram antecipadamente para que suas
versões do fato concordassem.
À luz dos diversos detalhes divergentes do NT, está claro que os autores
não se reuniram para harmonizar seus testemunhos. Isso significa que
certamente não estavam tentando fazer uma mentira passar por verdade. Se
estavam inventando a história do NT, teriam se reunido para
certificar-se de que eram coerentes em todos os detalhes.
Ironicamente, não é o NT que é contraditório, mas sim os críticos. Por
um lado, os críticos afirmam que os livros sinóticos (Mateus, Marcos
e Lucas) são por demais uniformes para serem fontes independentes. Por
outro lado, afirmam que eles são muito divergentes para estarem contando
a verdade. Desse modo, o que eles são? Muito uniformes ou muito
divergentes? Na verdade, são a mistura perfeita de ambos: são tanto
suficientemente uniformes e suficientemente divergentes (mas não tanto)
exatamente porque são relatos de testemunhas oculares independentes dos
mesmos fatos. Seria de esperar ver o mesmo fato importante e detalhes
menores diferentes em manchetes de jornais independentes relatando o
mesmo acontecimento.
Simon Greenleaf, professor de Direito da Universidade de Harvard que
escreveu um estudo-padrão sobre o que constitui evidência legal,
creditou sua conversão ao cristianismo ao seu cuidadoso exame das
testemunhas do evangelho. Se alguém conhecia as características do
depoimento genuíno de testemunhas oculares, essa pessoa era Greenleaf.
Ele concluiu que os quatro testemunhos #seriam aceitos como provas em
qualquer tribunal de justiça, sem a menor hesitação# ( The Testimony of
the Evangelists , págs. 9 e 10).
8. Os autores do NT desafiam seus leitores a conferir os fatos
verificáveis, até mesmo fatos sobre milagres. Lucas diz isso a Teófilo
(Luc. 1:1-4); Pedro diz que os apóstolos não seguiram fábulas
engenhosamente inventadas, mas que foram testemunhas oculares da
majestade de Cristo (II Pe.1:16); Paulo faz uma ousada declaração a
Festo e ao rei Agripa sobre o Cristo ressurreto (Atos 26) e reafirma um
antigo credo que identificou mais de 500 testemunhas oculares do Cristo
ressurreto (I Cor. 15). Além disso, Paulo faz uma afirmação aos cristãos
de Corinto que nunca teria feito a não ser que estivesse dizendo a
verdade. Em sua segunda carta aos corintios, ele declara que
anteriormente realizara milagres entre eles (II Cor. 12:12). Por que
Paulo diria isso a eles a não ser que realmente tivesse realizado os
milagres? Ele teria destruído completamente sua credibilidade ao pedir
que se lembrassem de milagres que nunca realizara diante deles.
9. Os autores do NT descrevem milagres da mesma forma que descrevem
outros fatos históricos: por meio de um relato simples e sem retoques.
Detalhes embelezados e extravagantes são fortes sinais de que um relato
histórico tem elementos lendários. Note este trecho da narração da
ressurreição no livro apócrifo Evangelho de Pedro : "...três homens que
saíam do sepulcro, dois dos quais servindo de apoio a um terceiro, e uma
cruz que ia atrás deles. E a cabeça dos dois primeiros chegava até o
céu, enquanto a daquele que era conduzido por eles ultrapassava os céus.
E ouviram uma voz vinda dos céus que dizia: #Pregaste para os que
dormem?# E da cruz fez-se ouvir uma resposta: #Sim".
Provavelmente seria assim que alguém teria escrito se estivesse
inventando ou embelezando a história da ressurreição de Jesus. Mas os
relatos da ressurreição de Jesus no NT não contêm nada semelhante a
isso. Os textos fornecem descrições triviais quase insípidas da
ressurreição. Confira em Marcos 16:4-8, Lucas 24:2-8, João 20:1-12 e
Mateus 28:2-7.
10. Os autores do NT abandonaram parte de suas crenças e práticas
sagradas de longa data, adotaram novas crenças e práticas e não negaram
seu testemunho sob perseguição ou ameaça de morte. E não são apenas os
autores do NT que fazem isso. Milhares de judeus, dentre eles sacerdotes
fariseus, converteram-se ao cristianismo e juntam-se aos apóstolos ao
abandonarem o sistema de sacrifícios de animais prescrito por Moisés, ao
aceitar Jesus como integrante da Divindade (o que era inaceitável
naquela cultura estritamente monoteísta) e ao abandonar a idéia de um
Messias conquistador terrestre.
Além disso, conforme observa Peter Kreeft, #por que os apóstolos
mentiriam? ... se eles mentiram, qual foi sua motivação, o que eles
obtiveram com isso? O que eles ganharam com tudo isso foi incompreensão,
rejeição, perseguição, tortura e martírio. Que bela lista de prêmios!#
Embora muitas pessoas venham a morrer por uma mentira que considerem
verdade, nenhuma pessoa sã morrerá por aquilo que sabe que é uma mentira.
Conclusão de Norman Geisler e Frank Turek, autores de "Não Tenho Fé
Suficiente Para Ser Ateu" : #Quando Jesus chegou, a maioria dos autores
do NT era de judeus religiosos que consideravam o judaísmo a única
religião verdadeira e que se consideravam o povo escolhido de Deus.
Alguma coisa dramática deve ter acontecido para tirá-los do sono
dogmático e levá-los a um novo sistema de crenças que não lhes prometia
nada além de problemas na Terra. À luz de tudo isso, não temos fé
suficiente para sermos céticos em relação ao Novo Testamento.
Texto extraído do site:
www.arqueologiadabiblia.com
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