12 março 2009

Overdose

Olá, amigos! Vocês já perceberam que volta e meia alguém morre de
overdose e, já se perguntou por que?
Afinal, na grande maioria, são viciados já acostumados ao uso progressivo de drogas.
Leia, no artigo abaixo, uma interessante teoria.

Morte por overdose de heroína: Uma explicação através do condicionamento clássico.

Dwayne Goettel, 31 anos, tecladista e programador da influente banda de rock Skinny Puppy, morreu de uma aparente overdose de heroína em 23 de agosto de 1995, no
banheiro da casa de seus pais.
Como isso pode ter ocorrido? Conforme um membro da banda falou à Rolling Stone Magazine, Goettel havia recém- retornado para casa de seus pais para tentar largar o vício.
Goettel foi um entre centenas de viciados em heroína que morrem todos os anos de uma reação normalmente conhecida como overdose. Ainda assim, o modo como essas mortes
ocorrem permanece obscuro. Por que alguns usuários habituais de heroína morrem em conseqüência de uma dose que não se esperaria ser fatal para eles? Pesquisas realizadas
por Sheppard Siegel e seus colaboradores sugerem que alguns casos de overdose de heroína podem resultar de uma falha da tolerância. Como um viciado em heroína, que passou
anos construindo uma tolerância a doses pesadas da droga, experimenta uma falha da tolerância? A teoria do condicionamento clássico de Pavlov propicia a base para
uma resposta a essa questão.
Pavlov propôs que a administração da droga constitui um experimento de condicionamento. O estímulo incondicionado (EI) é o efeito corporal da droga, e a resposta
incondicionada (RI) é a maneira como o corpo compensa por esses efeitos. O condicionamento ocorre quando o EI (o efeito da droga) torna-se associado a um estimulo
condicionado (EC)- como pistas ambientais presentes quando a droga é ingerida. Em outras palavras, como usuários estabelecidos no vício, eles aprendem a associar
os efeitos da droga com ambiente onde normalmente a ingerem. Logo, as pistas ambientais isoladas podem produzir os efeitos compensatórios, antes mesmo que a droga
seja ingerida. Assim, as pistas ambientais atuam como um sinal para o corpo de que os efeitos da droga irão começar. Em preparação, o corpo reage às pistas de uma
forma que ajude a compensar pela antecipação dos efeitos da droga. Essa resposta condicionada (RC) constrói uma tolerância à droga, reduzindo os efeitos da própria droga.
Esse modelo de Pavlov de tolerância às drogas tem uma importante implicação: os viciados em heroína correm o risco de uma overdose quando tomam a droga em um ambiente
que não tenha sido anteriormente associado ao consumo da droga e se as
mesmas condições estiverem ausentes, a resposta condicionada não poderá ocorrer, causando uma falha de tolerância. O usuário
de heroína toma uma dose pesada da droga e o corpo não está preparado para os seus efeitos.
Existem evidências empíricas para essa explicação? Em um estudo com animais. Ratos receberam injeções diárias de dosagens crescentes de heroína em um ambiente, de
dois ambientes escolhidos. Na sessão final do experimento, todos os ratos receberam uma dose de heroína; para essa injeção, a metade dos ratos estava no ambiente
onde haviam recebido heroína anteriormente (ratos do mesmo ambiente) e a outra metade estava no ambiente em que nunca havia recebido heroína (ratos do ambiente diferente).
Os ratos do ambiente diferente estavam significativamente mais propensos a morrer da injeção do que os ratos do mesmo ambiente. Por quê? Os ratos do ambiente diferente
tinham tolerância menor à heroína, pois estavam em um ambiente que não havia sido associado anteriormente à droga. Ao contrário dos ratos do mesmo ambiente, eles
não tinham a resposta condicionada estimulada por pista do ambiente, para prepará-los para os efeitos da droga.
O experimento com os ratos suporta o modelo, mas será que o mesmo fenômeno ocorre com seres humanos? Por razões óbvias, o experimento paralelo não pôde ser conduzido
com pessoas, portanto, devemos contar com os usuários de heroína que sobreviveram a uma overdose pra nos contar sobre a sua experiência. Isso foi exatamente o que
Siegel fez para complementar os resultados do experimento com os ratos. Ele entrevistou ex-viciados em heroína que haviam sido hospitalizados devido a overdoses
da droga. A maioria dos sobreviventes relatou que o cenário em que o episódio da overdose ocorreu era atípico. Por exemplo, uma pessoa relatou que havia injetado
a droga no banheiro de um lava-carros - para ele, um local incomum para tomar a droga. Esses relatos de vítimas humanas mostram que o modelo de Pavlov de tolerância
às drogas é relevante e útil para compreender mortes trágicas como a do músico Dwayne Goettel, no banheiro da casa dos seus pais.

Fontes: Rolling Stone Magazine, Outubro de 1995, p. 25; Siegel (1984); Siegel et al. (1982).

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