22 junho 2009

O filho pródigo III

Você pode voltar para casa

Thomas Wolfe estava certo de uma maneira quando escreveu aquelas
palavras memoráveis: "Você não pode voltar para casa novamente.".
As coisas no plano material estão sempre mudando. As pessoas morrem.
Prédios viram ruínas. Campos verdes são asfaltados. Mas ele estava
errado no sentido maior. Nós podemos voltar à casa do nosso Pai
celestial. Sempre se presume isso na parábola do filho pródigo. A ênfase
da parábola é naquelas atitudes que nos fazem voltar a Deus, ou que nos
afastam dele.
O pai do pródigo não interferiu para salvar seu filho das consequências
da sua tolice. Ele o permitiu sentir cada derrota que as suas escolhas
tolas lhe haviam trazido, com a esperança de que a experiência dura
seria bem sucedida na hora que o conselho sábio havia falhado. Este tipo
de amor não é fácil. É instintivo os pais pouparem seus filhos da dor.
Mas é muito melhor uma dor temporária que uma agonia sem fim. No mesmo
espírito, "Deus sujeitou a criação à vaidade . . . na esperança"(Romanos 8:20). Muitos pais hoje poderiam encontrar uma lição nesta história.
O amor às vezes tem que ser duro. Você não pode mimar os filhos para terem
caráter piedoso e amor. Apenas a piedade humilde dos pais expressa em
disciplina paciente e sem vacilação oferece alguma esperança de ser bem
sucedido.
Deus nos envia dificuldades quando nós nos afastamos d'Ele? Talvez Ele
não precise, pois a nossa própria tolice parece trazer bastante miséria
e dor por si só. Mas o amor de Deus é tanto que Ele certamente não se
esforçaria para afastar Manassés de sua orgia da idolatria, Deus o
mandou a Babilônia nas correntes – amarrado pela sua própria rebeldia (2 Crônicas 33:10-13).
Assim também com o pródigo. Com uma visão bem mais
clara do seu pai e da casa do seu pai e com o coração partido pelo
arrependimento, ele voltou resolutamente para casa. O que se foi com
exigências de "me dê" agora volta implorando "me faça...". Que diferença
faz uma atitude!

A volta para casa
"E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu
pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou" (Lucas 15:20).
A volta do filho pródigo aparentemente não pegou o pai de
surpresa. Não porque ele pensava cinicamente com frequência, "Apenas
espere, o tolo voltará aqui correndo com o rabo entre as pernas" mas
porque teriam tido poucos dias nos quais ele não olhou ansiosamente pela
estrada na qual com o coração partido ele havia visto a silhueta do seu
filho se recuar pela última vez. Ele o avistou de longe porque estava
procurando-o, esperando e ansiando por sua volta. O pai não ficou
esperando com a dignidade ofendida. Correu a ele e o beijou repetidas
vezes (veja Lucas 7:38, onde aparece o mesmo verbo grego). Não havia
comentários sobre a sua aparência patética; não havia palavras críticas
sobre a dor que a sua partida havia causado; nenhum sermão a respeito
dos deveres dos bons filhos. Mesmo as palavras bem planejadas do menino
ficaram incompletas pela interrupção do seu pai chamando pelo início de
uma comemoração.
Que imagem de Deus é esta. Deus correrá, você pergunta? O filósofo
antigo que observou que os grandes homens não correm tinha um sentido
pervertido de grandeza. Grandes homens especialmente correm. Correm sem
prestar atenção em nada além da necessidade dos outros. Correm com
alegria e compaixão. E Deus, que é o maior de todos, corre para
encontrar todos que vão ao seu encontro. Lembrem-se, "Deus amou o mundo
de tal maneira...."
Deus não dá bronca, você diz? Sim, ele dá, mas apenas para aqueles que
não estão já com os corações partidos com sua falta de merecimento
pecaminosa. Para os verdadeiramente penitentes, não há crítica (Tiago 1:5),
apenas misericórdia e encorajamento que alivia.
Acho seguro dizer que o pródigo que voltava ficou estonteado pela
recepção do seu pai. Ele, sem dúvida, havia se preparado para o pior e
nos seus sonhos mais otimistas não imaginava isso. Talvez pela primeira
vez ele percebeu o quanto o seu pai o amava. Certamente nunca entrou na
sua cabeça dizer "Isso será mais fácil do que pensei". Apenas as pessoas
que não sabem o que fizeram e o que merecem entreteriam um pensamento
tão desonrado. Ele sabia. Ele sabia muito bem. E por esta razão não
havia, no seu coração, lugar para qualquer outro sentimento, a
não ser a gratidão incrédula pelo amor extravagante do seu pai.
E assim começou a festa. Que regozijo! Que exultação inexpressível!
O anseio mais forte do pai havia se realizado. Nada lhe foi poupado.
"porque este teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi
achado".
Com que força Jesus revela o coração de Deus para com os pecadores nesta
história simples porém comovente. Ele está dizendo que Deus cuida dos
seus pródigos como nós cuidamos dos nossos. E somos levados a dizer,
"Sim, Senhor, até mais,até muito mais".

–por Paul Earnhart

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