25 fevereiro 2010

O segundo casamento

Hoje em dia um dos temas mais polêmicos nas igrejas evangélicas é sem
duvida a questão do segundo casamento. O mundo cristão recentemente foi
sacudido com a declaração do papa Bento XVI que disse: que o segundo
casamento na vida de uma pessoa é uma "praga". Como cristão e separado
judicialmente, gostaria de colocar algumas coisas a respeito desse
tema: Podemos afirmar que a separação ou o divórcio não podem ser
entendidos como solução na vida de um casal. Separação e divórcio são
instrumentos para quando não há solução para uma convivência amorosa,
companheira, solidária. De modo que a separação e o divórcio não são o
fim do casamento, mas apenas o fim do contrato civil, pois o casamento
certamente terminou bem antes da separação ou do divórcio. O casamento
não é o "papel", a regulamentação civil para controlar direitos,
deveres, herança... O casamento é o encontro de amor entre um homem e
uma mulher e o desejo de construírem um caminho comum como marido e
mulher, como "sócios" dessa "micro-empresa" chamada família. Como homem
e mulher que desejam repartir a si mesmos um com o outro, com
companheirismo sexual, afetivo, solidário e também econômico. Como uma
mulher pode continuar casada com um homem que a espanca, por exemplo?
Como um homem pode continuar casado com uma mulher que o trai
sexualmente, ou é indiferente para com ele nessa questão? Como um homem
e uma mulher podem continuar casados quando descuidam do amor e passam a
ter entre si apenas indiferença, sem o desejo ou a possibilidade de um
ou outro de superarem o impasse? O Senhor Jesus disse certa vez que o
sábado foi criado por causa do ser humano, para servir ao ser humano e
não o contrário. Se fizermos uma analogia do que o Senhor Jesus falou
acerca do sábado, uma importante instituição e rito no judaísmo,
ouviremos: "as pessoas não foram criadas para servir à instituição
casamento, mas o casamento é que foi criado para ser um instrumento na
vida das pessoas". E assim como o casamento não pode ser um ato leviano
e impensado, a separação também não deve ser algo gratuito, a primeira
opção na vida de um casal que enfrenta problemas. Os problemas fazem
parte da vida e do relacionamento de qualquer pessoa e estão aí para
serem enfrentados e resolvidos. Mas reconhecemos que há situações muito
difíceis de serem resolvidas. Duas pessoas não podem se entender quando
uma não quer que haja entendimento. É muito difícil também haver um
casamento aprovado por Deus quando um é desleal, violento, mentiroso,
manipulador, frio ou ausente afetiva e sexualmente falando (o tal do
"jugo desigual"), ou quando há por parte de um uma predileção por uma
outra pessoa que não seja o esposo ou a esposa. É muito difícil também
para dois servos do Senhor continuarem a viver como marido e mulher
quando a "vida" transformou o amor próprio entre eles em um amor fraternal
mas assexuado, ou pior, numa relação de
indiferença. E a gente se sente sozinho ao lado daquela pessoa e vive
uma solidão a dois. O outro não é companheiro, mas fonte de solidão, de
dor emocional. O apóstolo Paulo advertiu sobre isso ao falar do jejum,
afirmando que se um casal optar por um jejum sexual que sejam breves
para que não sejam tentados por satanás, imaginem viver uma vida inteira
ao lado de um esposo ou esposa que da pouca ou nenhuma importância a
essa questão? Há de fato situações que só a separação pode garantir a
integridade física, a convivência saudável, o respeito entre as pessoas.
Não apenas entre marido e mulher, mas também para com os filhos do
casal, o que nem sempre é fácil e indolor e compreensível. No filme "Uma
babá quase perfeita" vemos que a convivência entre duas pessoas que não
desejavam mais conviver como marido e mulher as estavam transformando em
pessoas piores, amargas e a casa era um ambiente de acusações e
brigas... Um casamento doentio atinge os filhos, gera filhos doentes. Em
determinadas situações a separação do casal liberta as pessoas de uma
vida ruim e desestruturante e possibilita um novo tipo de relação,
refeita em amor, confiança, liberdade e companheirismo. O segundo
casamento na vida de muitas pessoas não é uma "praga" como disse
recentemente o papa Bento XVI (que por sinal, lembro respeitosamente,
não é casado!), mas uma nova oportunidade de refazer a vida. "Praga" é um
casamento sem lealdade e amor, sem companheirismo, onde um não é o mais
importante pro outro, onde o lugar do esposo ou da esposa é ocupado por
parentes, trabalho ou até mesmo pelo ministério, seja o primeiro, o
segundo ou o terceiro casamento. "Praga" é corrupção,
pornografia, adultério, violência doméstica, racismo, machismo,
intolerância, miséria, destruição do meio ambiente, pedofilia, cobiça,
frieza e ausência. Um segundo casamento pode até não dar certo. Pois os
mesmos desacertos ou outros maiores podem aparecer, mas com certeza, é
sempre uma possibilidade. De modo que, se usamos esse recurso com
sabedoria e amor, podemos nos surpreender positivamente, construir uma
vida a dois com qualidade e redescobrir de fato que a vida a dois é um
projeto de Deus para homens e mulheres. Inclusive num segundo casamento.
Moacyr Lins Bezerra Troccoli
Estudante do sexto periodo de Psicologia - FACEX - NATAL/RN

Veja abaixo o documento divulgado pelo Vaticano:
O papa Bento XVI reafirmou a necessidade do celibato para os sacerdotes
e a proibição de divorciados de receber a comunhão no Sacramentum
Caritatis, documento divulgado pelo Vaticano, nesta terça-feira, que
rege a celebração de missas. "O celibato sacerdotal, vivido com
maturidade, alegria e dedicação, é uma bênção enorme para a igreja e
para a própria sociedade", diz o texto na primeira parte da exortação
sobre Eucaristia, Mistério Acreditado.
Ainda no documento, Bento XVI classificou como "uma verdadeira praga" o
segundo casamento de pessoas já divorciadas. "Trata-se de um problema
pastoral espinhoso e complexo, uma verdadeira praga do ambiente social
contemporâneo que vai, progressivamente, corroendo os próprios ambientes
católicos", diz o documento.
Ele defendeu também o uso do latim em grandes celebrações e pediu que se
valorize o canto gregoriano na liturgia. "É necessário que se valorize
adequadamente o canto gregoriano como próprio da liturgia romana... é
necessário evitar a improvisação genérica ou a introdução de gêneros
musicais que não respeitem o sentido da liturgia", diz o documento.
Recado a políticos
Na exortação apostólica pós-sinodal sobre Eucaristia Sacramentum
Caritatis (O Sacramento do Amor), o papa fez recomendações para algumas
das questões mais discutidas na Igreja, tendo como base recomendações do
último Sínodo dos Bispos, realizado em outubro de 2005.
No documento divulgado nesta terça-feira, Bento XVI deu ênfase a sua
contrariedade com políticos e legisladores assumidamente católicos que
defendem leis em desacordo com a posição da Igreja. O Papa disse que
eles não devem votar a favor de leis que vão contra a natureza humana e
a família construída sobre o matrimônio entre homem e mulher. Segundo
vaticanistas, Bento 16 deu um claro recado aos governantes europeus que
discutem leis a favor da eutanásia, do casamento entre homossexuais e do
aborto. Confirmando recomendação do Sínodo dos Bispos, os divorciados
católicos continuarão sem o direito de receber a comunhão. Com relação à
falta de padres nas paróquias, o papa manteve a mesma recomendação dos
bispos: uma distribuição mais eqüitativa do clero e um trabalho efetivo
com os jovens para favorecer a vocação sacerdotal. No texto do documento
oficial do Vaticano, Bento XVI reforça a necessidade do fiel católico de
confirmar publicamente sua própria fé, principalmente, em momentos em
que deve tomar decisões de valores fundamentais e para a promoção do bem
comum em todas as suas formas.

1 comentários:

Valdir Lemes disse...

Creio que, ao invés de citar um filme mundano e secular, poderíamos olhar para outro filme: Prova de fogo. Relacionamentos frios... aquilo que no passado nos fizeram ser irresistíveis agora nos faz incompatíveis. Entretanto, quando há quebrantamento e contrição, Deus pode operar mudanças tremendas em nossos relacionamentos. Jesus só permitiu o divórcio em caso de traição do conjuge. O aminho "permitido" foi adultério de um conjuge e novo casamento e não um novo relacionamento para depois divorciar. Creio que as coisas foram colocadas na contra mão. Malaquias diz que Deus odeia o divórcio. Fico pasmo de ver cristãos acharem normal e possível aquilo que Deus odeia. Sim, tenho que admitir como o papa Bento XVI que o divórcio é uma praga que, infelizmente, têm atingido os mais fracos e débeis na fé. Jesus disse: Errais por não conhecerdes as escrituras e nem o poder de Deus. Como é difícil ver que o quadro não mudou. Sou casado há 26 anos e já passei por situações muito difíceis no meu relacionamento; entretanto, sempre vi nas diferenças uma oportunidade de poder crescer e mudar. Como mudar se não houver confronto? Jesus um dia disse a samaritana: vai e chama teu marido. Ela respondeu: não tenho marido. Jesus disse, respondeste bem, pois cinco maridos já tiveste e o que está com vc hj não é teu marido. O maior princípio acerca do casamento é: os dois serão uma só carne. Isso quer dizer que o casamento é indissolúvel. Os homens podem separa, mas Deus nunca o fará, pois aquilo que Deus uniu não o separe o homem. Sugiro um aprofundamento no assunto e um coração aberto para que Deus opere. Foi assim que Davi se tornou no homem segundo o coração de Deus
Abraços

Pr. Valdir Lemes

Postar um comentário

ÍNDICE - MARCADORES

 

Os comentários feitos por visitantes, não são de responsabilidade do autor, Use o conteúdo deste "blog" livremente, O direito autoral é do Céu. Lembre-se, naturalmente, de citar a fonte. Copyright 2009 All Rights Reserved. Site desenvolvido e mantido por Diego Dlins

Clicky Web Analytics BlogBlogs.Com.Br diHITT - Notícias