24 fevereiro 2010

Avatar e o fanatismo

Com certeza o filme Avatar encanta por seus efeitos especiais, aventura
e por todo o enredo que prende a atenção do início ao fim. Mas, se
olharmos mais de perto o que enxergaremos nas entrelinhas? Podemos fazer
uma ligação com questões religiosas e com atitudes que por vezes tomamos
exatamente por acharmos que estamos certos e os outros errados? Até que
ponto seria interessante assumirmos um "Avatar" para explorar o que nos
é desconhecido e que julgamos como algo ruim ou não desejável?
[] O filme nos apresenta inicialmente 2 (duas) visões de mundo que vão
se mostrar bem demarcadas: os seres humanos em busca de um minério que
movimenta toda a economia mundial do planeta Terra e que é extraído
destruindo toda uma natureza de outro planeta (Pandora) e o povo Navi
que respeita a natureza e sabe conviver com toda a diversidade que os
cerca, mesmo parecendo algo estranho.
Mas, essa não é a questão principal que devemos enxergar no filme. Por
incrível que pareça o real mundo a ser explorado é o nosso mundo
interior. Será que realmente faço as coisas do meu modo ou somente
porque outros dizem como fazer? Conheço os reais perigos e ameaças ou
simplesmente assumo os medos e interesses de outras pessoas?
Aí entra o "Avatar" na história. Concebido para ser um espião e estudar
todas as fraquezas do povo alienígena, do desconhecido, do que
consideramos como repugnante. Ele tentará num primeiro momento mudar a
forma de pensar deles para o nosso padrão e caso não obtenha sucesso só
resta o extermínio cultural e até mesmo físico.
Muitas religiões assumem esse papel de serem o povo escolhido em detrimento a
qualquer tipo de pensamento ou dogma diferente do seu. Como os humanos
do filme obedecem cegamente ordens superiores que consideram ser a voz
da razão e principalmente da verdade. Demonizam assim todas as formas
diferentes de espiritualidade e se transformam em "sanguinários " da fé
para defender suas idéias que são consideradas verdades divinas. Os
outros que não seguem tais linhas de pensamento são rotulados como
"mundanos" , "apóstatas" e o amor tão pregado em suas palavras se mostra
árido e sem raízes, pois apenas consegue alcançar os que estão perto e
pensam de forma igual.
Infelizmente isso acontece atualmente com várias religiões e seu mundo imaginado como perfeito.
Se fecharam numa rede de regras e de medos e o mundo real é comparado ao de
Pandora (do filme): algo desconhecido, temeroso e que não se deve ter
nenhum contato e nenhum respeito. Essas pessoas, que seguem essas
religiões, vêm o mundo como algo demoníaco,
onde todas as pessoas servem apenas aos seus desejos egoístas
e que não se devem misturar ou conhecer tais pessoas.
A real intenção dessas denominações é exatamente como no filme:
entrar na floresta maligna e pegar o minério precioso e nesse caso seria
pregar o que foram mandados e trazer mais pessoas (antes demoníacas)
para a arca da salvação.
Mas, sempre existem os questionadores, os revolucionários, os que ousam
tentar um mundo mais justo e com isso usam o "Avatar" para descobrir que
na grande maioria das vezes aquele diferente, o mundano, o apóstata é um
ser único e cheio de experiências que só vão acrescentar na vida de
todos. Começam a perceber que foram outras pessoas (lideranças) que
impuseram o medo, que demonizaram vidas diferentes e que na realidade
queriam apenas encobrir seus próprios erros.
Assuma, pois, o controle de sua vida e uma boa maneira é construir seu
"Avatar" para que ele possa pesquisar o desconhecido e que você mesmo
decida o que fazer com tais informações. Mergulhe no diferente e se
transforme. O real significado de se viver é buscar sempre novas formas
de ver o mundo interior que nos impele a mudar tudo e todos ao nosso
redor. Chegará o momento em que não saberá se é você ou seu "Avatar" que
estará vivendo as experiências: aí perceberá que sempre eram um só!
Nunca desista de ninguem!
Pascoal
http://www.estudosgospel.com.br/

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