Não me falta cadeira, não me falta sofá,
só falta você sentada na sala.
Só falta você estar.
Não me falta parede
e nela uma porta pra você entrar,
não me falta tapete,
só falta o seu pé descalço para pisar.
Não me falta cama,
só falta você deitar.
Não me falta o sol da manhã,
só falta você acordar,
pra as janelas se abrirem pra mim
e o vento brincar no quintal,
embalando as flores do jardim,
balançando as cores no varal.
A casa é sua.
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta-cabeça.
Por que você demora?
A casa é sua.
Por que não chega logo?
Nem o prego aguenta mais o peso desse relógio.
Não me falta banheiro, quarto,
abajur, sala de jantar.
Não me falta cozinha,
só falta a campainha tocar.
Não me falta cachorro uivando
só porque você não está.
Parece até que está pedindo socorro,
como tudo aqui nesse lugar.
Não me falta casa,
só falta ela ser um lar.
Não me falta o tempo que passa,
só não dá mais para tanto esperar,
para os pássaros voltarem a cantar
e a nuvem desenhar um coração flechado,
para o chão voltar a se deitar
e a chuva batucar no telhado.
A casa é sua.
Por que não chega agora?
Até o teto tá de ponta-cabeça.
Por que você demora?
A casa é sua.
Por que não chega logo?
Nem o prego aguenta mais o peso desse relógio.
Arnaldo Antunes
07 setembro 2013
A casa é sua
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