Por volta de 1910, a Enciclopédia Britannica afirmou que o futuro traria
"uma civilização isenta da última sombra de superstição". Tal declaração
originou-se pelo fato de a ciência e a civilização exporem a insensatez
de crenças ou conceitos aceitos cegamente durante os séculos passados.
Esta exposição do erro faria com que muitas pessoas se tornassem menos
supersticiosas. Diante desse fato, esperava-se um futuro onde as crenças
supersticiosas ficassem no passado, na Idade Média, onde, segundo
alguns, muitas teriam surgido por influência do Catolicismo Romano;
embora, evidentemente, as práticas supersticiosas sejam anteriores ao
próprio Catolicismo.
Ao contrário do que muitos intelectuais esperavam, a superstição não
findou com o avanço da tecnologia nem com o avanço das ciências físicas.
Muitos achavam que o homem moderno não mais difundiria estórias como as
da cegonha, fadas etc.; que aposentaria suas patas de coelho, figas,
fitas vermelhas, ferraduras, arrudas ou as imagens de buda; que o mês de
agosto deixaria de ser azarado (como se Deus não tivesse poder nesse
mês); criam que até o temido "mau-olhado" ficaria cego.
Contudo, para a decepção geral desses otimistas tem ocorrido o inverso.
Milhares de pessoas "intelectualizadas" se envolvem com alguma forma de
superstição.
Por exemplo, o jornal O Estado de São Paulo publicou uma matéria sobre operadores de bolsa de
valores que não tomam uma decisão sem antes realizarem alguma prática
supersticiosa. Há o caso de Herald McCardell, 42 anos, que "não dá um
passo sem antes segurar um pequeno saco de pano. Dentro dele, há de
tudo: dente de leite de um dos dois filhos, uma moeda inglesa dada pelo
pai, um pedaço de espinha de peixe. (...) Alguns operadores especiais
chegam ao requinte de não se sentar em cadeiras de colegas
comprovadamente "azarados". (...) Outros andam somente com uma única
gravata para dar sorte ou nem lavam a camisa que usam quando um negócio
lucrativo é fechado." Vê-se, pois, que a superstição atinge a todas as
camadas sociais.
Outro engano era achar que superstições eram coisas de terceiro mundo,
de países subdesenvolvidos.
Porém, o jornal O Globo trouxe a seguinte notícia: "Japonesas lançam uma nova moda. Moças
usam esparadrapo no braço esquerdo para atrair o rapaz que amam. (...)
Esta simpatia funciona da seguinte forma: a moça deve escrever o nome do
rapaz de quem gosta no braço esquerdo e cobri-lo com esparadrapo durante
três dias. Ao fim de uma semana, o "milagre" acontece e o rapaz visado
começa a sentir pela moça mais do que amizade".
Assim, nem o avanço tecnológico foi capaz de deter a superstição. Os
grandes jornais que são formadores de opinião trazem todos os
dias uma sessão de horóscopos, sem se falar dos programas de rádio e de
televisão que dão ampla cobertura à indústria do irracional. Pessoas
moldam suas vidas por aquilo que os "astros" supostamente dizem ou
deixam de dizer. As pessoas anseiam por coisas que determinem o rumo de
suas vidas. Essa é a razão da proliferação de disques-0900. Tem de tudo:
disque-tarô, disque-búzios, disque-anjo, e até os que oferecem o
"serviço completo," que apresentam tudo em matéria de artes
divinatórias, um mercado mais do que lucrativo.
Superstição, o que é?
Talvez alguém esteja se perguntando: "Afinal de contas, o que é
superstição?" Como ponto de partida, tomemos duas definições do Aurélio:
"Sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que induz ao
conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à
confiança em coisas ineficazes; crendice; apego exagerado e/ou infundado
a qualquer coisa".
Essas definições mostram um elemento fundamental envolvido em quase
todas as práticas supersticiosas: a emoção do indivíduo. Declarou o
doutor Edward Hornick (professor de psiquiatria em Nova Iorque): "As
superstições estão entre os melhores sustentáculos contra a dúvida, a
ansiedade a insegurança da vida". Assim, podemos afirmar que a
superstição seria uma tentativa do desejo humano de solucionar seus
problemas, através de práticas que possam manipular forças sobrenaturais
para o seu próprio proveito. A idéia inclui fazer com que Deus, os anjos
ou até mesmo demônios possam estar ao seu serviço. Eles seriam uma
espécie de gênio-da-lâmpada-de-Aladim.
Percebemos que o xis da questão está no fato de a pessoa achar que ela
mesma poderá resolver todos os seus problemas, independente de Deus. "Na
proporção em que o homem se desvia do Deus verdadeiro, ele se inclinará
à superstição". A superstição é a fé desviada de seu curso natural, Deus.
A raiz da superstição está no fato de o homem, criado à imagem e
semelhança de Deus, feito para Sua glória, recorrer a objetos e fórmulas
aparentemente mágicas a fim de resolver seus próprios problemas, sem
levar em conta seu Criador. Tal desejo de independência de Deus é um
pecado, um desvio da verdadeira fé, que é direcionada para coisas, como
rezas, talismãs, cristais, pêndulos, pirâmides etc.
A Bíblia tem muito a dizer sobre essa questão. Veja: "A ira de Deus se
revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detém a
verdade pela justiça, porquanto o que de Deus se pode conhecer é
manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos
de Deus, assim o Seu eterno poder como também a Sua própria divindade,
claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos
por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isso
indesculpáveis, porquanto, tendo conhecimento de Deus, não O
glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças, antes se tornaram nulos em
seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos, e mudaram a glória do Deus
incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de
aves, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus entregou tais homens à
imundícia, pelas concupiscências de seus próprios corações, para
desonrarem os seus corpos entre si, pois eles mudaram a verdade de Deus
em mentira, adorando e servindo a criatura, me lugar do Criador, O qual
é bendito eternamente. Amém" (Romanos 1:18-25).
Por que é tão sedutora?
Várias coisas tornam a superstição altamente sedutora. A principal, sem
sombra de dúvidas, é a curiosidade, sobretudo em relação ao que o futuro
reserva. Isso mostra que as pessoas estão em busca de segurança, devido
ao medo em relação ao porvir. Aproveitando-se dessa situação, a mais
destacada das práticas supersticiosas, a astrologia, tenta fornecer as
respostas a curto, médio e longo prazos. Porém, se alguém fizer uma
procura pelos jornais, revistas, rádios e televisões buscando orientação
dos astros, e resolvesse compará-las, certamente encontraria, no mínimo,
respostas de duplo sentido e conflitantes entre si, revelando, portanto,
que é a interpretação subjetiva do astrólogo que determina o provável
futuro. Será esta a maneira correta de saber o que o futuro trará? Vale
a pena traçar o rumo de sua vida baseado em interpretações particulares?
E onde fica Deus nessa história? Em quem devemos confiar: no Criador
infalível ou em seres humanos falíveis? Pense nisso!
Uma outra razão que leva alguém a se aproximar das superstições é a
necessidade de proteção contra possíveis "forças ocultas" que possam
trazer perigos à sua vida. Assim, o excesso de credulidade leva pessoas
a temerem o mau-olhado, a macumba, a feitiçaria etc. E para combater
tais malefícios (que em si já são supersticiosos), as pessoas se
entregam a outras práticas da mesma natureza. Esse ciclo vicioso faz do
indivíduo uma presa fácil da superstição.
Além de proteção pessoal, há os que "acendem uma vela para Deus e outra
para o Diabo", buscando dominar a outros; sua sede de poder irá
envolvê-los não com Deus, mas com os poderes das trevas, o mundo de
Satanás, fazendo aliança com as trevas. Enganam-se ao achar que podem
controlar os demônios, ao contrário, são estes que controlam os
desavisados e sedentos de poder. Jesus chamou o Diabo de "o pai da
mentira" (João 8:44). Por que fazer aliança com quem não é confiável? Na
intenção de dominar, são subjugados.
Para finalizar (embora esses tópicos não tenham esgotado o tema), vale a
pena lembrar que a humanidade jura poder conquistar a divindade ou
tornar-se um deus. Isso leva muitos ao submundo do ocultismo, do
esoterismo, achando que estes lhes conferirão a fórmula da divindade.
Esquecem-se, contudo, de duas verdades fundamentais. Primeira: Só existe
um Deus. Segunda: Você não é Ele! E nem poderá ser. Há um grande abismo
que separa o Criador da criatura, o Infinito do finito, o Absoluto do
relativo.
Por que é tão perigosa?
Toda e qualquer superstição é perigosa, pois desagrada a Deus. Isso não
é mero passatempo inofensivo. Por vezes, o primeiro povo com quem Deus
lidou, Israel, foi severamente punido pelo próprio Deus por se
envolverem com práticas supersticiosas. E não foi por falta de avisos.
Mesmo antes de entrarem na Terra Prometida, Deus lhes havia dito:
"Quando entrares na terra que o SENHOR teu Deus te der, não aprenderás a
fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará em ti quem
faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem
prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem
necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele
que faz tal coisa é abominação ao SENHOR; e por estas abominações o
SENHOR teu Deus os lança de diante de ti. Perfeito serás para com o
SENHOR teu Deus. Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os
prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o SENHOR teu Deus não
permitiu tal coisa" (Deuteronômio 18:9-14).
Algumas dessas práticas podem parecer inocentes, mas não são. Segundo a
Bíblia o próprio Satanás, o príncipe dos demônios, transforma-se em
"anjo de luz" (2ª Coríntios 11:14, 15). Por meio dessa sutil tática
muitas pessoas são postas em contato com o poder das trevas sem o saber.
A intenção de Satã não é apenas eliminar a fé das pessoas (é algo
difícil até mesmo para ele); porém, ele tenta e continuará tentando para
que as pessoas ponham sua fé em si mesmas ou em objetos, fórmulas
mágicas, mandingas, feitiçarias, astrologia etc.
Em suma, a intenção do Diabo é que as pessoas se apoiem em tudo, menos
em Deus e, mesmo que falem em Deus, não se submetam ao Seu domínio
exclusivo, não dêem importância à Sua Palavra, a Bíblia, que deverá ser
o guia completo para suas vidas e, sobretudo, não se sujeitem a Jesus
Cristo, o Filho do Deus vivo, pois somente ele é quem poderá satisfazer
todos os anseios humanos de paz, alegria, segurança; somente Ele poderá
assegurar um futuro melhor, no céu, para todos aqueles que crerem nEle,
demonstrando isso por meio de suas vidas. Até lá, é verdade, a vida não
será necessariamente um mar de rosas, mas a Bíblia diz que Deus não nos
abandonará em nenhum momento. Seja qual for a situação, Deus será sempre
nosso socorro e auxílio. Diz a Bíblia: "Deus é nosso refúgio e
fortaleza, socorro bem presente nas tribulações" (Salmo 46:1). Tudo isso
revela o amor e o carinho desse Deus maravilhoso, que nenhuma prática
supersticiosa poderá substituir.
Libertando-se da sedução
Alguém talvez pergunte: "É possível libertar-me da sedução ou do poder
da superstição?" Claro que sim! Jesus mesmo garantiu: "E conhecereis a
verdade e a verdade vos libertará. (...) Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres" (João 8:32, 36). Aqueles que reconhecem a
suficiência de Cristo abandonarão tais práticas antibíblicas que
desagradam a Deus. A Bíblia relata que certa vez um grupo de pessoas
supersticiosas, envolvidas com artes mágicas, após entregarem suas vidas
a Jesus Cristo, reuniram seus livros de fórmulas mágicas (que eram
caríssimos) e os queimaram diante de todo o povo (Atos 19:19). Servir a
Jesus Cristo implica em renunciar também às práticas supersticiosas.
Você só tem a ganhar.
Acredite, nenhum mal poderá nos separar do amor de Deus. O apóstolo
Paulo pergunta: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Romanos 8:31).
Assim, não há feitiço, macumba, vodu ou seja lá o que for, que
nos fará dano algum. Deus é maior do que tudo isso. Entregue sua vida ao
senhorio absoluto de Jesus, aquele que é o "caminho, a verdade e a vida" (João 14:6).
Estando nas mãos do Salvador, Jesus Cristo, você
experimentará a força destas palavras: "Porque eu estou bem certo de que
nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem coisas do presente,
nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer
outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo
Jesus, nosso Senhor" (Romanos 8:38, 39).
Prof. Paulo Cristiano
http://www.cacp.org.br
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