02 março 2014

Naquele tempo...

Jesus de Nazaré

Aqueles eram dias em que Roma dominava o mundo...
Sua águia sedenta de sangue sobrevoava o cadáver das civilizações e
povos vencidos. Os valores éticos eram esquecidos... A desconsideração
moral permitia que os ideais da humanidade fossem manipulados pelas
estruturas políticas odientas que levavam por terra as construções
filosóficas e espirituais do passado. Foi nessa paisagem que Jesus veio
apresentar a doutrina de amor, propondo uma nova ordem fundamentada na
solidariedade fraternal. Surgiu na Terra o Homem-Luz para modificar a
arcaica estrutura do homem-fera. Tratava-se de Personalidade
inconfundível e única. Deixava transparecer nos olhos, profundamente
misericordiosos, uma beleza suave e indefinível. Longos e sedosos
cabelos molduravam-Lhe o semblante compassivo, como se fossem fios
castanhos, levemente dourados por luz desconhecida. Sorriso divino,
revelando ao mesmo tempo bondade imensa e singular energia. Irradiava da
Sua melancólica e majestosa figura uma fascinação irresistível. Sua
palavra, Seus feitos, Seus silêncios estóicos dividiram os tempos e os
fatos da história. Conviveu com a ralé, e, trabalhando-a logrou fazer
heróis e santos, servidores incansáveis e ases da abnegação...
Utilizando-se do cenário da natureza, compôs a mais comovedora sinfonia
de esperança. Na cátedra natural de um monte, apresentou a regra áurea
para a humanidade, através dos robustos e desafiadores conceitos
contidos nas bem-aventuranças. Dignificou um estábulo e sublimou uma
cruz... Exaltou um grão pequenino de mostarda e repudiou a hipocrisia
dourada dos poderosos em trânsito para o túmulo, quanto a covardia mofa,
embora disfarçada, dos déspotas da ilusão mentirosa. Levantou
paralíticos. Limpou leprosos. Restituiu a visão a cegos. Reabilitou
mulheres infelizes. Curou loucos. Reanimou desalentados e sofredores. Em
troca do amor que dedicou foi alçado à cruz... Seus pés, que tanto
haviam caminhado para a semeadura do bem, estavam ensangüentados. Suas
mãos generosas e acariciadoras eram duas rosas vermelhas, gotejando o
sangue do suplício. Sua fronte, em que se haviam abrigado os pensamentos
mais puros do mundo, se mostrava aureolada de espinhos. O Mestre,
todavia, que vivera e falara da Boa Nova que é toda uma cascata de luz e
de alegria, prenunciando a vitória da vida sobre a morte, do bem sobre
o mal, da bondade sobre a perversidade, roga a Deus com extrema
sinceridade: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!..." O amor
é o perene amanhecer, após as sombras ameaçadoras. A palavra de Jesus,
na tônica do amor, é a canção sublime que embalou Sua época e até hoje
constitui o apoio e a segurança das vidas que se Lhe entregam em
totalidade.

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