30 julho 2010

Futebol ou igreja

Por que prefiro ir ao Mineirão a ir à igreja? Eu não diria que a
resposta mais direta a essa pergunta seja "porque o autor do texto está
desviado". Não, certamente essa não é a resposta. Antes de explicar o
por que dessa afirmação, devo afirmar que não gosto dessa situação. Eu
realmente gostaria de ir à igreja tanto quanto (ou mais do que) gosto de
ir a um estádio de futebol. Devo afirmar também que não falo da igreja
de forma generalizada, mas apenas de algumas de minha experiência
pessoal. No entanto, sendo que aquilo que encontrei nessas igrejas não é
muito mais que circo, que espetáculo, decidi procurar um circo que pelo
menos não me fizesse sentir tão mal ao apagar das luzes e ao fechar das
cortinas.
Posso começar falando não do espetáculo em si, mas da minha posição de
espectador. Quem sou eu enquanto assistindo ao espetáculo do circo
evangélico? Mais um na multidão, apenas. Melhor dizendo, mais uma, no
feminino, pois lá sou uma ovelha. Porém, as igrejas deveriam ser um
lugar de relacionamento, pois creio que isso está na própria essência do
que é ser igreja. Mas relacionamentos não são necessários para se
caracterizar um circo.
Apesar disso, sempre existe um tipo de relação entre os espectadores, e
comecei a gostar mais da companhia dos meus "irmãos no Atlético-MG" do
que da companhia dos meus "irmãos em Cristo". Acho eles mais sinceros,
pelo menos. Durante o espetáculo no Mineirão, nenhum palhaço nos manda,
de lá do picadeiro verde e gramado, virar para o torcedor ao lado e
dizer friamente que o ama, ou coisas do tipo. E nenhum deles faz isso,
de forma alguma. Mas na hora do gol... A alegria é verdadeira. Na hora
da derrota,a lágrima é verdadeira. Compartilhamos esses sentimentos
enquanto ali estamos. Nos abraçamos de forma espontânea na hora do gol,
e somos sinceros quando não gostamos do que vemos - xingamos o juiz e os
jogadores quando merecem, pois lá ninguém está acima da crítica.
Já em outros circos...
Não precisamos também de muitos motivos para cantar no Mineirão. Nem
precisamos de aparelhagem e instrumentos caros. Temos apenas nossas
vozes e nossas mãos. Nossas rimas são mais criativas, e são da mesma
profundidade intelectual dos mantras gospel entoados nos circos
evangélicos. E cantamos com mais sinceridade, sim.
E para acompanhar a música, é tão mais agradável ver as pomponetes do
galo do que ver aquelas irmãzinhas com vestidos esvoaçantes, cantando
aos quatro ventos seu Complexo de Édipo e seus desejos sexuais
reprimidos!
Ah, sim! As pomponetes do Galo são um melhor espetáculo, sim.
E de lá do meio do picadeiro, o show é tão mais agradável no Mineirão!
Não sinto no estádio falta de profundidade intelectual, pois não é isso
que os 22 palhaços das 2 equipes têm a oferecer. Não espero aquilo que
não devo deles esperar. E quando vemos no campo alguma mentira, isso não
irrita tanto, pois a malandragem faz parte do futebol: valorizar uma
falta que não foi tão séria quanto parece, ficar muito tempo caído para
ganhar tempo quando seu time está ganhando, etc. Mas é válido mentir no
picadeiro do circo gospel? Seria errado esperar alguma profundidade
intelectual do espetáculo evangélico? Bem, pelo menos eu acho que não, e
essa expectativa não correspondida gera em mim certa frustração.
Minhas necessidades circenses são melhor satisfeitas no Mineirão, e se o
que essas igrejas têm a oferecer é apenas circo, e um circo pobre, ruim,
medíocre, eu não preciso delas. São por essas e outras razões que eu
prefiro ir ao Mineirão a ir à igreja.
Glauber Ataide
HTTP://www.crerepensar.com.br

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