Diversas pessoas, certamente muitíssimo bem intencionadas, fazem
enorme confusão acerca de quando e como oferecer auxílio às pessoas com
deficiência, mormente às com deficiência visual, que, pelas
circunstâncias, estão mais propícias ao envolvimento e interação. Essa
nobre vontade de ajudar muitas vezes gera uma certa invasão na vida das
pessoas com deficiência visual, tendo em vista que as pessoas sem
deficiência podem se aproximar e observar sem pedir licença, vigiar sem
ser notadas, tocar no cidadão com deficiência visual sem que este tenha
tempo de reagir ou mesmo de compreender o que está acontecendo, além de
outras situações embaraçosas. Na tentativa de oferecer conceitos que
visam ao esclarecimento da sociedade, notadamente daquelas pessoas cuja
solidariedade humana proporciona a vontade de auxiliar, um grupo de
indivíduos com e sem deficiência visual desenvolveu 20 dicas
extremamente úteis nesse contexto. Antes de mais nada, porém, é preciso
ressaltar que as pessoas com deficiência são distintas entre si e
carregam peculiaridades diversas, o que é inerente a todo ser humano.
Nesse raciocínio, pensar em comparações entre as pessoas com deficiência
apenas pelo fato de terem uma deficiência pode soar deselegante, além de
não ser um pensamento construtivo.
1. Quando encontrar uma pessoa com deficiência visual, jamais deve-se
perguntar onde vai ou pretende ir. Essa pergunta pode ser invasora e
indiscreta, principalmente quando se tratar de um desconhecido. A
pergunta mais adequada, nessa situação, é se a pessoa precisa ou não de
auxílio.
2. Em caso de recusa de ajuda por parte da pessoa com deficiência,
qualquer insistência pode causar constrangimentos desnecessários. Se a
ajuda foi efetivamente recusada é porque a pessoa não necessita, de
fato, de auxílio, pelo que tal insistência em ajudar pode configurar
descrédito nas capacidades do indivíduo.
3. Oferecer um lugar no transporte coletivo a uma pessoa com deficiência
visual é uma atitude positiva, notadamente quando a pessoa carrega
muitos objetos, além da bengala, sempre tão necessária. A recusa, tal
qual no item anterior, não deve gerar qualquer insistência. Alegações de
perigo ou de que a pessoa com deficiência visual não deveria estar em pé
só servem para diminuir sua autoestima e, o que deveria ser uma proposta
de auxílio acaba se tornando um entrave.
4. Não se deve, em hipóteze alguma, pedir que um terceiro ceda seu lugar
a uma pessoa com deficiência visual. O dono do lugar pode não querer
cedê-lo e a pessoa com deficiência pode querer continuar em pé, o que
deve ser sempre respeitado.
5. Falar em nome de uma pessoa com deficiência visual constitui tutela
desnecessária e constrangedora. A pessoa cega ou com baixa visão pode se
expressar normalmente. Se o seu interlocutor insistir em comunicar-se
com um intermediário sem deficiência, o mais adequado é um sutil pedido
para que mantenha sua comunicação diretamente com a pessoa com
deficiência interessada.
6. Expressões de suposta solidariedade também devem ser evitadas. Frases
de efeito como "É duro não enxergar." ou "se para quem vê já é difícil,
imagine para você." colocam a pessoa com deficiência em posição de
inferioridade, o que cria uma enorme barreira entre ajudante e
auxiliado.
7. Nunca se deve insinuar que a pessoa cega precisa de um acompanhante.
Se o indivíduo encontra-se sozinho, é porque compreende que tem plenas
condições para isso. A pessoa com deficiência visual não necessita de
alguém ao lado todo o tempo, apenas um facilitador eventual e esse
facilitador pode ser você.
8. Ao conduzir uma pessoa com deficiência visual, avisos de degraus,
subidas ou descidas, bem como qualquer declive, são totalmente
desnecessários. Oferecendo-lhe o cotovelo, a pessoa pode sentir todos os
seus movimentos e, como deverá caminhar um passo atrás do condutor, terá
acesso a qualquer obstáculo antes mesmo de chegar a ele.
9. Deve ser evitada qualquer ajuda sob o pretexto de que é difícil para
a pessoa com deficiência visual desenvolver alguma atividade. Tomar a
frente nos serviços da casa de uma pessoa cega, por exemplo, ao invés de
ser recebido como uma gentileza, pode ser visto como falta de respeito e
invasão de privacidade.
10. É fundamental que haja uma interação verbal antes de tocar ou
encostar na pessoa com deficiência visual. O toque, por mais bem
intencionado que seja, é invasor e constrangedor, mormente quando se
tratar de uma pessoa que não possa ver.
11. Ficar constantemente ensinando as pessoas cegas a realizar
atividades cotidianas também é uma atitude que causa embaraços
desnecessários. Cada pessoa tem sua própria forma de fazer as coisas, o
que é resultado de suas experiências individuais.
12. Escadas ou degraus não constituem qualquer obstáculo para pessoas
com deficiência visual. Optar por caminhos mais longos em busca de
rampas ou elevadores é totalmente desnecessário, além de fazer com que a
pessoa perca tempo e tenha de caminhar mais.
13. Ao oferecer auxílio a uma pessoa cega, jamais deve-se mencionar a
idéia de que se está fazendo um favor. Isso gera humilhação e sentimento
de antipatia. Seu gesto de solidariedade pode ser nobre, mas não há nada
de heroísmo nele.
14. Insinuar que determinado auxílio é indispensável é igualmente
inadequado. A pessoa com deficiência visual desenvolve seus próprios
métodos e, certamente se não puder contar com auxílio, poderá encontrar
uma outra forma para realizar uma tarefa.
15. Relacionar-se com excesso de mimo e superproteção pode ser
prejudicial e constrangedor. A limitação visual, quando bem trabalhada,
torna as pessoas fortes, maduras e batalhadoras, o que elimina qualquer
necessidade de tratamento inferiorizante. Superproteção é preconceito velado.
16. Jamais deve-se tocar em uma pessoa cega ou com baixa visão quando a
mesma estiver entrando ou saindo de um veículo de transporte coletivo.
Isso incomoda, atrapalha e confunde.
17. É inadequado tornar a limitação visual maior do que ela realmente é.
Querer fazer pela pessoa cega ou com baixa visão o que ela pode fazer
sozinha também constitui preconceito e deve ser evitado.
18. Gestos que incomodam, atrapalham e devem ser evitados: Puxar e
apertar o braço da pessoa com deficiência visual, empurrá-la pelas
costas ou passando o braço por trás, abordá-la subitamente com toque
físico antes de qualquer interação verbal e tocar em seus objetos de
apoio, como a bengala.
19. Certas perguntas ou comentários enquanto oferece auxílio também
podem configurar situações constrangedoras. Coisas que não se diz a
estranhos, como "Está indo dar uma passeadinha, hein?" também não devem
ser ditas às pessoas com deficiência visual, mormente porque, na grande
maioria das vezes, são pessoas que estão indo ou vindo de seu local de
trabalho ou de estudos, pelo que a menção a passeios, principalmente se
isso se der durante dias úteis, pode gerar a idéia de que tais pessoas
apenas passeiam e não exercem atividades mais sérias e responsáveis.
20. Finalmente, excesso de auxílio ou proteção humilha e não é de bom
tom exagerar na dose. O excesso de zelo constrange e tira a liberdade
daquele que está sendo auxiliado. Se a pessoa cega ou de baixa visão,
por vezes responde com rispidez ou pouca elegância, isso é resultado da
constante tentativa de conquistar o respeito da sociedade, que está o
tempo todo protegendo e promovendo facilidades desnecessárias.
Pense nisso:
Temos o direito de ser iguais,
sempre que a diferença nos inferiorize.
Temos o direito de ser diferentes,
sempre que a igualdade nos descaracterize.
*Leia mais-->
enorme confusão acerca de quando e como oferecer auxílio às pessoas com
deficiência, mormente às com deficiência visual, que, pelas
circunstâncias, estão mais propícias ao envolvimento e interação. Essa
nobre vontade de ajudar muitas vezes gera uma certa invasão na vida das
pessoas com deficiência visual, tendo em vista que as pessoas sem
deficiência podem se aproximar e observar sem pedir licença, vigiar sem
ser notadas, tocar no cidadão com deficiência visual sem que este tenha
tempo de reagir ou mesmo de compreender o que está acontecendo, além de
outras situações embaraçosas. Na tentativa de oferecer conceitos que
visam ao esclarecimento da sociedade, notadamente daquelas pessoas cuja
solidariedade humana proporciona a vontade de auxiliar, um grupo de
indivíduos com e sem deficiência visual desenvolveu 20 dicas
extremamente úteis nesse contexto. Antes de mais nada, porém, é preciso
ressaltar que as pessoas com deficiência são distintas entre si e
carregam peculiaridades diversas, o que é inerente a todo ser humano.
Nesse raciocínio, pensar em comparações entre as pessoas com deficiência
apenas pelo fato de terem uma deficiência pode soar deselegante, além de
não ser um pensamento construtivo.
1. Quando encontrar uma pessoa com deficiência visual, jamais deve-se
perguntar onde vai ou pretende ir. Essa pergunta pode ser invasora e
indiscreta, principalmente quando se tratar de um desconhecido. A
pergunta mais adequada, nessa situação, é se a pessoa precisa ou não de
auxílio.
2. Em caso de recusa de ajuda por parte da pessoa com deficiência,
qualquer insistência pode causar constrangimentos desnecessários. Se a
ajuda foi efetivamente recusada é porque a pessoa não necessita, de
fato, de auxílio, pelo que tal insistência em ajudar pode configurar
descrédito nas capacidades do indivíduo.
3. Oferecer um lugar no transporte coletivo a uma pessoa com deficiência
visual é uma atitude positiva, notadamente quando a pessoa carrega
muitos objetos, além da bengala, sempre tão necessária. A recusa, tal
qual no item anterior, não deve gerar qualquer insistência. Alegações de
perigo ou de que a pessoa com deficiência visual não deveria estar em pé
só servem para diminuir sua autoestima e, o que deveria ser uma proposta
de auxílio acaba se tornando um entrave.
4. Não se deve, em hipóteze alguma, pedir que um terceiro ceda seu lugar
a uma pessoa com deficiência visual. O dono do lugar pode não querer
cedê-lo e a pessoa com deficiência pode querer continuar em pé, o que
deve ser sempre respeitado.
5. Falar em nome de uma pessoa com deficiência visual constitui tutela
desnecessária e constrangedora. A pessoa cega ou com baixa visão pode se
expressar normalmente. Se o seu interlocutor insistir em comunicar-se
com um intermediário sem deficiência, o mais adequado é um sutil pedido
para que mantenha sua comunicação diretamente com a pessoa com
deficiência interessada.
6. Expressões de suposta solidariedade também devem ser evitadas. Frases
de efeito como "É duro não enxergar." ou "se para quem vê já é difícil,
imagine para você." colocam a pessoa com deficiência em posição de
inferioridade, o que cria uma enorme barreira entre ajudante e
auxiliado.
7. Nunca se deve insinuar que a pessoa cega precisa de um acompanhante.
Se o indivíduo encontra-se sozinho, é porque compreende que tem plenas
condições para isso. A pessoa com deficiência visual não necessita de
alguém ao lado todo o tempo, apenas um facilitador eventual e esse
facilitador pode ser você.
8. Ao conduzir uma pessoa com deficiência visual, avisos de degraus,
subidas ou descidas, bem como qualquer declive, são totalmente
desnecessários. Oferecendo-lhe o cotovelo, a pessoa pode sentir todos os
seus movimentos e, como deverá caminhar um passo atrás do condutor, terá
acesso a qualquer obstáculo antes mesmo de chegar a ele.
9. Deve ser evitada qualquer ajuda sob o pretexto de que é difícil para
a pessoa com deficiência visual desenvolver alguma atividade. Tomar a
frente nos serviços da casa de uma pessoa cega, por exemplo, ao invés de
ser recebido como uma gentileza, pode ser visto como falta de respeito e
invasão de privacidade.
10. É fundamental que haja uma interação verbal antes de tocar ou
encostar na pessoa com deficiência visual. O toque, por mais bem
intencionado que seja, é invasor e constrangedor, mormente quando se
tratar de uma pessoa que não possa ver.
11. Ficar constantemente ensinando as pessoas cegas a realizar
atividades cotidianas também é uma atitude que causa embaraços
desnecessários. Cada pessoa tem sua própria forma de fazer as coisas, o
que é resultado de suas experiências individuais.
12. Escadas ou degraus não constituem qualquer obstáculo para pessoas
com deficiência visual. Optar por caminhos mais longos em busca de
rampas ou elevadores é totalmente desnecessário, além de fazer com que a
pessoa perca tempo e tenha de caminhar mais.
13. Ao oferecer auxílio a uma pessoa cega, jamais deve-se mencionar a
idéia de que se está fazendo um favor. Isso gera humilhação e sentimento
de antipatia. Seu gesto de solidariedade pode ser nobre, mas não há nada
de heroísmo nele.
14. Insinuar que determinado auxílio é indispensável é igualmente
inadequado. A pessoa com deficiência visual desenvolve seus próprios
métodos e, certamente se não puder contar com auxílio, poderá encontrar
uma outra forma para realizar uma tarefa.
15. Relacionar-se com excesso de mimo e superproteção pode ser
prejudicial e constrangedor. A limitação visual, quando bem trabalhada,
torna as pessoas fortes, maduras e batalhadoras, o que elimina qualquer
necessidade de tratamento inferiorizante. Superproteção é preconceito velado.
16. Jamais deve-se tocar em uma pessoa cega ou com baixa visão quando a
mesma estiver entrando ou saindo de um veículo de transporte coletivo.
Isso incomoda, atrapalha e confunde.
17. É inadequado tornar a limitação visual maior do que ela realmente é.
Querer fazer pela pessoa cega ou com baixa visão o que ela pode fazer
sozinha também constitui preconceito e deve ser evitado.
18. Gestos que incomodam, atrapalham e devem ser evitados: Puxar e
apertar o braço da pessoa com deficiência visual, empurrá-la pelas
costas ou passando o braço por trás, abordá-la subitamente com toque
físico antes de qualquer interação verbal e tocar em seus objetos de
apoio, como a bengala.
19. Certas perguntas ou comentários enquanto oferece auxílio também
podem configurar situações constrangedoras. Coisas que não se diz a
estranhos, como "Está indo dar uma passeadinha, hein?" também não devem
ser ditas às pessoas com deficiência visual, mormente porque, na grande
maioria das vezes, são pessoas que estão indo ou vindo de seu local de
trabalho ou de estudos, pelo que a menção a passeios, principalmente se
isso se der durante dias úteis, pode gerar a idéia de que tais pessoas
apenas passeiam e não exercem atividades mais sérias e responsáveis.
20. Finalmente, excesso de auxílio ou proteção humilha e não é de bom
tom exagerar na dose. O excesso de zelo constrange e tira a liberdade
daquele que está sendo auxiliado. Se a pessoa cega ou de baixa visão,
por vezes responde com rispidez ou pouca elegância, isso é resultado da
constante tentativa de conquistar o respeito da sociedade, que está o
tempo todo protegendo e promovendo facilidades desnecessárias.
Pense nisso:
Temos o direito de ser iguais,
sempre que a diferença nos inferiorize.
Temos o direito de ser diferentes,
sempre que a igualdade nos descaracterize.